Marcadores

reflexões (1) vida (1)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Dividida


Nunca foi muito popular com os homens. Aline sempre foi bonita, mas não era carismática e não chegava a atrair a atenção onde passava. Sua beleza sempre ficava escondida atrás de suas amigas, que podiam não ser tão belas quanto ela, mas sabiam como conduzir uma conversa com maestria. Ela invejava as amigas. Tal fato fazia com que ela se achasse feia. Era a mais sem graça de todas. Nunca havia namorado até então, mas nesse momento de sua vida se encontrava em uma situação bastante peculiar: estava interessada em dois homens ao mesmo tempo.
Sabia que isso não era certo e que ela deveria escolher apenas um, pois acabaria ficando sem nenhum. Mas não sabia qual escolher. Alberto era daquele tipo machão, tinha, pelo menos, uns 500 kg só de músculos, pensava ela. Na cama, levava a garota às loucuras. Tratava a menina de modo rude, mas ela bem que gostava. A conheceu em uma boate e achou que essa história não iria render muito. Mas acabou ligando pra ela depois de alguns dias e pronto, já estavam juntos há quase dois meses.
 Já com Carlos a história foi diferente. Depois de fazer um cadastro em um site de relacionamentos, Aline recebeu um e-mail de um cara, dizendo ser muito romântico e que adoraria constituir uma grande família, assim como a sua. Então, pagou pra ver, e mandou uma resposta. Após alguns dias de conversa, marcaram de se encontrar. Em um restaurante francês. O papo fluía naturalmente, coisa rara na vida da jovem. Ele tornava aquela conversa agradável e fazia com que a moça tivesse prazer em contar e saber da vida. Era carinhoso e ela gostava disso.
Cada um acrescentava algo que faltava na vida dela. Um, a mostrava como ser mulher, ser desejada fisicamente. Com o outro, ela via que podia ser interessante. Os dois apresentaram a ela dois lados que ela achou que nunca chegaria. E agora. Ela, nessa situação, não sabia o que fazer. Sabia que não podia enganar os dois, por mais que não tivesse nada sério com nenhum. Não era do seu feitio fazer isso. Mas não sabia qual escolher. Media qual dos dois traria o melhor resultado, mas nunca chegava até uma conclusão efetiva. Não podia escolher entre eles. Aliás, depois que viu que podia ser uma mulher diferente, não queria largar disso mais. E, depois que já tivesse feito a decisão? Como ficaria sem o fogo de um ou o carinho do outro? E como terminaria?
Sabia que Carlos choraria um bom tempo, era típico dele. Sentar e chorar. Essa era uma característica que Aline desprezava no pretendente. Por outro lado, Alberto iria até a casa dela e mataria Carlos. E talvez até sobraria pra ela. Isso também não era bom o suficiente pra ela.
Num momento parou e pensou. Percebeu que aquela situação toda estava matando-na. Refletiu se valia mesmo a pena tudo isso que estava vivendo para chegar a algo que ela podia chegar sozinha. Pensou e mais um pouco. Não ficaria com nenhum e voltaria a ser aquela velha Aline de sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário