Era ele. Eduardo. Educado numa tradicional família do
interior de Minas Gerais, nunca teve dificuldades. Sempre tinha o que pedia,
fossem brinquedos, comidas. Nem mesmo carinho lhe faltava. Os seus pais eram muito amorosos, principalmente por ele ser o filho mais novo do casal. Seu
único irmão, Paulo, dez anos mais velho, já havia saído de casa há algum tempo
para cursar a faculdade de Direito. Assim, as atenções dos pais, já velhos, se
voltaram todas para Edu, como lhe chamavam. Morava em casa também a avó, mãe da
mãe de Eduardo e o cachorro mascote, Brutus. A família, religiosa ao extremo,
ia a todas as celebrações da igreja, incluindo a missas aos domingos. Eduardo,
como quase todos os jovens de quinze anos, não gostava de ir, mas cedia às
pressões da avó, pois tinha pena dela, já muito velha e doente.
Na escola, o garoto era muito popular. Capitão do time de
futebol da escola, costumava fazer os gols que levavam a equipe para a vitória.
Fazia sucesso com as meninas. Namorava Ágata, a típica patricinha. Loira, não
assumia que seus olhos eram castanhos escuros, usando sempre uma lente azul.
Tinha quatorze anos, mas usava típicas roupas de adulta. O namoro estava
fazendo um ano, quando a menina descobriu que Eduardo havia ficado
com uma menina no vestiário, logo após o último jogo que ganhou. Ágata fez um
escândalo quando soube, mas, em poucos dias, estava correndo atrás do jogador
para que eles reatassem. Mas Eduardo, que só a namorava por pressão dos pais,
nem quis saber. Falou com ela que não voltaria. Queria mais liberdade e que ela
não saía do pé dele. E que estava muito bem assim solteiro. A menina ficou
arrasada, foi para o bar e bebeu até que alguém a viu e a levou para casa. Os pais
de Ágata, quando souberam da atitude da filha e do motivo por ela ter feito
isso, bateram na casa de Eduardo e contaram toda a história para os pais do garoto.
Como resultado, eles o deixaram de castigo: um mês sem poder sair de casa e
usar o computador. Porém, Eduardo nunca levava as coisas que seus pais falavam
a sério e sempre arrumava um jeito de burlar os castigos que eles o colocavam.
E dessa vez não foi diferente.
Logo no fim de semana depois do incidente, haveria uma festa
numa cidade vizinha. Um rodeio. Eduardo nem era tão fã dessas festas, mas se
tinha agito, lá estava ele. E, lógico, não ficaria fora desse. Ligou pro seu
amigo, João e pediu que o ajudasse a escapar de casa. Arrumou a cama, colocando
travesseiros debaixo dos lençóis, simulando o corpo. Ele já havia visto isso em
algum filme, quem sabe daria certo? Arrumou, colocou sua botina e sua camisa
xadrez. Logo, João chegou trazendo uma corda. Lançou para a janela e Eduardo,
assim, conseguiu sair do seu quarto sem ser visto pelos pais ou pela avó. Se
cumprimentaram e foram pegar o ônibus para a cidade onde aconteceria o rodeio.
Era sábado, oito horas da noite. O parque de exposições
estava lotado. Muitas gatinhas e os dois já tinham ficado com mais de três. Era
ainda um número muito razoável para a dupla, que fazia sucesso em toda parte
que fossem. De repente, os dois se deparam com dois homens trocando carícias,
nada muito explícito. Num ímpeto, Eduardo partiu para a cima deles, dando socos
e murros. João tentou tirar o amigo dali, mas como ele era muito forte, não
pode fazer nada. Enquanto isso, as vítimas de nada puderam fazer para sair
daquela situação. Todas as pessoas em volta pararam para olhar tal cena de
ignorância, mas ninguém teve coragem de separar a briga, até que dois guardas
chegam e levam o garoto para a delegacia.
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