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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Alô?


Sabia que ele não ligaria. Nunca ligavam, já devia estar acostumada. Logo esse, que parecia ser tão diferente dos outros. Mas sabia que todos os homens eram iguais. TODOS. Sem tirar nenhum. Todos vinham com aquela mesma ladainha de ligar no outro dia. Mas nunca. Esses outros dias se estendiam pra semanas, até meses, dependendo da intimidade que ela havia tido com o cara em questão. Pensava que talvez ele estivesse muito ocupado, ou até esquecido de ligar, coisas normais nesse nosso mundo corrido de hoje. Nunca dava o braço a torcer. Arrumava desculpas para a falta de ação dos então pretendentes.
Não era uma menina feia, mas também não era uma das mais exuberantes. Ela era, digamos, bonitinha, apenas.  E era consciente disso. Mas não podia ser por esse motivo que eles nunca ligavam no dia seguinte... Havia visto tantos homens, inclusive aqueles que ela já tinha ficado, com outras mulheres tão mais feias que ela. Então, o que seria dessa vez? Ele se mostrara tão empenhado em ligar para ela na noite anterior. Foi muito bom o tempo que passaram juntos. Não se lembrava de uma noite tão agradável como a de ontem. Tudo bem que já tinha quase um mês que só colocava os pés para fora de casa para trabalhar, mas não importava. Será que tinha dado o telefone errado? Pode ser! Não, não, ela tinha certeza que ele repetiu o número para ela, e tava certo. Mas então... O que poderia ser? Não era possível que os homens eram tão mentirosos assim.
Talvez ele estava quase ligando para ela no meio da rua, quando foi interceptado por um ladrão, que roubou seu celular. Assim, ele perdeu o telefone e não tinha como ligar mais pra ela! Ou, quem sabe, seu cachorro comeu o celular?! Sentou no sofá e pensou que suas suposições estavam ficando cada vez mais loucas. Mas não aceitava, sob nenhuma circunstância, que eles estariam a dispensando. Acabou envolvida nos seus devaneios, que dormiu ali mesmo, do lado do telefone. Acordou com ele tocando. Toda esperançosa, atende. No mesmo momento, sente o cheiro de queimado dentro de casa. No telefone, era o porteiro, avisando que sua casa estava pegando fogo. Havia deixado o jantar romântico no forno.

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