Finalmente hoje fui ver tudo o que me devolveu depois que terminamos. No meio de tanta coisa inútil, que eu nem sentia falta, um anel. Um anel de plástico vermelho. Um anel daqueles que se dão pra meninas de cinco anos sonham em ser princesas, um dia. E junto desse anel, um papelzinho escrito "Obrigado por tudo!". Fiquei sem reação. Já se passou tanto tempo desde que terminamos e só agora, quando penso que tá tudo pelo menos mais ou menos bem comigo, vejo isso. Não esperava. Até mesmo porque mandei se afastar de mim. E, me conhecendo sei que não falei isso de um modo gentil. Mas você vai lá e me desobedece. Justo quando eu penso que já estou bem e pronto pra outra. Esse anel de plástico vagabundo só me fez recordar de que ainda não me esqueci de você e isso ainda vai demorar pra acontecer. Que outras surpresas você tramou pra mim? Será que você faz isso só pra me manter sob seu domínio? Pra ter certeza de que ainda penso em você em boa parte do meu dia? Mas tenho certeza que não. Pelo tanto que conheço de você e por tudo que vivemos eu sei que você não seria capaz disso. Talvez a culpa seja até minha. Culpa de sempre procurar em cada canto do meu quarto ou em cada situação algo, que seja pequeno, que me lembre de você. Culpa de não conseguir tirar você da cabeça mesmo com mil outras pessoas aos seus pés. De você ainda ser o único que quero. Ou de você ser o único que eu tento não querer, por todo esse sofrimento. E deve ser por isso, pelo fato de que eu não posso te ter de novo, que a cada dia te quero mais e mais. Queria ter pelo menos a coragem de poder te falar isso agora, cara a cara. Mas sei que assim eu só me sentiria pior. O que me resta é esperar o tempo curar e apagar de vez sua triste e feliz memória da minha cabeça.
Vou contar pra ela.
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