Escrevi ouvindo: "Do Meu Querer", do Catedral, com participação de Liah
Esquisito ficar sem conversar com uma pessoa que você conversava todos os dias, invariavelmente. Nem que fosse só pra encher o saco, ou dar um simples "oi". Essa conversa era parte do ritual do dia. Agora, sem ela, sinto que não estou tomando banho ou escovando os dentes. Falta uma coisa essencial no meu dia. Algo que a gente não consegue viver sem. Mas que com o tempo nos acostumamos. Quantas vezes mudamos nossa rotina completamente só por causa de um fator, pequeno, que seja? É difícil, melhor seria se não tivéssemos que fazer. Mas as circustâncias da vida nem sempre condizem com o que queremos e temos que lidar com o humor dela. E é assim. Até que alguém resolva quebrar o gelo e voltar pra aquela situação. Rotineira, mas confortante.
terça-feira, 31 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
É preciso - Parte 1
"É preciso brindar o destino
É preciso gritar: 'Começou!'
Se jogar nessa dança na vida
Sem medo do escuro""
Aquele mundo não era o meu. Tentava socializar, mas as pessoas, as conversar, as atitudes não combinavam comigo. E era num lugar desses que eu passava todos os dias da minha vida. Não era nada daquilo que sempre quis pra mim. Mas era o que tinha disponível e eu não podia me dar ao luxo de perder mais um emprego. Todos os outros perdidos graças a minha imensa vontade de fazer aqueles trabalhos chatos. Eu olhava meus colegas fazendo aqueles projetos com tanta dedicação, com tanto amor, e ficava impressionado. Por que não me sinto assim também?
Não posso me culpar por não ter tentado. Tentei. E muito. Foram cinco anos entre um trabalho e outro, sem contar com os cinco de faculdade. Era pra ter sido quatro, mas o meu desinteresse com o curso me fez repetir algumas matérias. Meu pai, enfurecido por ter que pagar mais dois períodos de faculdade, me fez continuar na profissão, arrumando mais e mais entediantes empregos. Dizia que a minha honra seria pagar a "dívida" com ele. Teria que pagar por todo período que estive na faculdade, porque nem tive a capacidade de passar numa federal. Pois é.
Agora estou aqui, sentado na mesa do escritório, olhando pra tela do computador, com um projeto na minha frente, mas nem sei bem o que fazer com ele. Nada mais justo que pensar que estou pagando pelos meus pecados. Um pecado que não é exatamente meu. Não tinha a mínima vontade de estudar para o vestibular da federal, então a solução foi ir para uma faculdade particular. Pelo menos não era qualquer uma de esquina. Era a melhor daqui, mas, quem se importa?
Se teve um período que fui mais infeliz do que sou hoje, foi no meu período como universitário. Não fui a festas, não fiz amigos, mal mal fazia os trabalhos e provas. Não tinha alegrias. Quando chegava em casa, meu pai me chamava para ver os projetos que ele fazia quando era um engenheiro de sucesso. E eu, como um bom filho que sou, sempre prestava atenção sem prestar. Fazia o tipo que meu pai queria que eu fosse. Mas eu não era assim. E não tinha a mínima vontade de continuar sendo assim. Queria me. Meu pai tentava dominar minha vida. Eu, um quase senhor de 30 anos, ainda sendo influenciado pelas ideias paternas. Quer dizer, ele achava que eu era influenciado. Porque a cada palavra relacionada à "nossa profissão", como ele dizia, eu ficava com mais raiva, com mais desgosto daquela situação toda.
Meu plano era terminar de pagar a dívida da faculdade com meu pai e então partir para uma nova vida. Quem sabe viajar pelo mundo? Quem sabe fazer uma faculdade? Mas para isso ainda precisava de dinheiro. E eu sabia muito bem que meu pai não ia me ajudar em nada, Ou seja, teria que trabalhar ainda mais por aqui para, enfim, realizar a minha vontade e assim começar a minha verdadeira vida. Mas e a preguiça de continuar apertando nessa tecla que sei que não está funcionando?
Tenho que terminar logo esse projeto. Daqui a pouco já vai dar a hora de ir e eu nem comecei. Sinceramente, não sei o que é pior. Pelo menos aqui fico sossegado, sem ter meu pai enchendo meu ouvido de tantas baboseiras sobre a "nossa profissão". Aqui pelo menos eu fico na minha, ninguém vem falar comigo e eu não faço questão de falar com ninguém, também.
Faltam 10 minutos para eu ir embora e entregar esse projeto, mas eu nem mexi e nem tenho vontade. Vou ter que ficar por aqui a noite toda para tentar concluir. Mas eu sei que não vou. Sacrificar minha noite toda por algo que eu sei que não vai valer nada. Não posso fazer nada. Preciso pagar a dívida com meu pai logo. Já pensei seriamente em fazer bicos para conseguir mais dinheiro logo pra me ver livre desse encosto. Mas o que? Só tenho "experiência" nessa área. E não me orgulho de nada disso. Não pude nem fazer aula de música quando era criança. Meu pai dizia que era algo a mais pra desviar a atenção do estudo. Para convencer de me colocar no Inglês foi uma luta. Ah, até que poderia ensinar essa língua, hein? Isso se eu tivesse paciência para ensinar. Fora que a falta de prática me enferrujou um pouco e não iria querer fazer feio diante dos meus alunos.
Acrescento algo ao meu projeto. Sou o único ainda no escritório. Peraí, tem uma luz acesa ali perto. Ou será que minha cabeça está começando a ficar louca de tanta coisa que eu tô pensando? Não, não é ela não. Tem mesmo uma luz acesa. E é a da sala do meu chefe. Num susto, vejo ele sair de lá e vir falar comigo: lá vem.
É preciso gritar: 'Começou!'
Se jogar nessa dança na vida
Sem medo do escuro""
Aquele mundo não era o meu. Tentava socializar, mas as pessoas, as conversar, as atitudes não combinavam comigo. E era num lugar desses que eu passava todos os dias da minha vida. Não era nada daquilo que sempre quis pra mim. Mas era o que tinha disponível e eu não podia me dar ao luxo de perder mais um emprego. Todos os outros perdidos graças a minha imensa vontade de fazer aqueles trabalhos chatos. Eu olhava meus colegas fazendo aqueles projetos com tanta dedicação, com tanto amor, e ficava impressionado. Por que não me sinto assim também?
Não posso me culpar por não ter tentado. Tentei. E muito. Foram cinco anos entre um trabalho e outro, sem contar com os cinco de faculdade. Era pra ter sido quatro, mas o meu desinteresse com o curso me fez repetir algumas matérias. Meu pai, enfurecido por ter que pagar mais dois períodos de faculdade, me fez continuar na profissão, arrumando mais e mais entediantes empregos. Dizia que a minha honra seria pagar a "dívida" com ele. Teria que pagar por todo período que estive na faculdade, porque nem tive a capacidade de passar numa federal. Pois é.
Agora estou aqui, sentado na mesa do escritório, olhando pra tela do computador, com um projeto na minha frente, mas nem sei bem o que fazer com ele. Nada mais justo que pensar que estou pagando pelos meus pecados. Um pecado que não é exatamente meu. Não tinha a mínima vontade de estudar para o vestibular da federal, então a solução foi ir para uma faculdade particular. Pelo menos não era qualquer uma de esquina. Era a melhor daqui, mas, quem se importa?
Se teve um período que fui mais infeliz do que sou hoje, foi no meu período como universitário. Não fui a festas, não fiz amigos, mal mal fazia os trabalhos e provas. Não tinha alegrias. Quando chegava em casa, meu pai me chamava para ver os projetos que ele fazia quando era um engenheiro de sucesso. E eu, como um bom filho que sou, sempre prestava atenção sem prestar. Fazia o tipo que meu pai queria que eu fosse. Mas eu não era assim. E não tinha a mínima vontade de continuar sendo assim. Queria me. Meu pai tentava dominar minha vida. Eu, um quase senhor de 30 anos, ainda sendo influenciado pelas ideias paternas. Quer dizer, ele achava que eu era influenciado. Porque a cada palavra relacionada à "nossa profissão", como ele dizia, eu ficava com mais raiva, com mais desgosto daquela situação toda.
Meu plano era terminar de pagar a dívida da faculdade com meu pai e então partir para uma nova vida. Quem sabe viajar pelo mundo? Quem sabe fazer uma faculdade? Mas para isso ainda precisava de dinheiro. E eu sabia muito bem que meu pai não ia me ajudar em nada, Ou seja, teria que trabalhar ainda mais por aqui para, enfim, realizar a minha vontade e assim começar a minha verdadeira vida. Mas e a preguiça de continuar apertando nessa tecla que sei que não está funcionando?
Tenho que terminar logo esse projeto. Daqui a pouco já vai dar a hora de ir e eu nem comecei. Sinceramente, não sei o que é pior. Pelo menos aqui fico sossegado, sem ter meu pai enchendo meu ouvido de tantas baboseiras sobre a "nossa profissão". Aqui pelo menos eu fico na minha, ninguém vem falar comigo e eu não faço questão de falar com ninguém, também.
Faltam 10 minutos para eu ir embora e entregar esse projeto, mas eu nem mexi e nem tenho vontade. Vou ter que ficar por aqui a noite toda para tentar concluir. Mas eu sei que não vou. Sacrificar minha noite toda por algo que eu sei que não vai valer nada. Não posso fazer nada. Preciso pagar a dívida com meu pai logo. Já pensei seriamente em fazer bicos para conseguir mais dinheiro logo pra me ver livre desse encosto. Mas o que? Só tenho "experiência" nessa área. E não me orgulho de nada disso. Não pude nem fazer aula de música quando era criança. Meu pai dizia que era algo a mais pra desviar a atenção do estudo. Para convencer de me colocar no Inglês foi uma luta. Ah, até que poderia ensinar essa língua, hein? Isso se eu tivesse paciência para ensinar. Fora que a falta de prática me enferrujou um pouco e não iria querer fazer feio diante dos meus alunos.
Acrescento algo ao meu projeto. Sou o único ainda no escritório. Peraí, tem uma luz acesa ali perto. Ou será que minha cabeça está começando a ficar louca de tanta coisa que eu tô pensando? Não, não é ela não. Tem mesmo uma luz acesa. E é a da sala do meu chefe. Num susto, vejo ele sair de lá e vir falar comigo: lá vem.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Tempo?
Escrevi ouvindo: "Pararurá" do Chay Suede
Como alguém pode se tornar tão importante na sua vida em tão pouco tempo? É simples: arrumar uma situação difícil, aliada à falta de carinho mais um lugar com pessoas diferentes de você e de seu futuro amigo. Só isso. Só isso? Por trás disso há muito mais coisa. Há toda uma vida. Se amizade fosse tão fácil assim, todo mundo teria pelo menos uns cem melhores amigos. E a gente sabe que não é bem assim... A gente sabe que demanda um tempo para conseguir a confiança de alguém. E confiar também. Demanda gostos iguais, que só vem através do tempo. Então, isso não responde minha pergunta.
Sinceramente não sei como respondê-la. Passei tantos anos da minha vida imaginando que minhas amizades verdadeiras seriam construídas ao longo do tempo. Pensei que meus amigos de vida adulta seriam aqueles de lá de antes. Do Ensino Fundamental, talvez. Mas não. Desses eu mal tenho notícias. E confesso que, outrora importantes, hoje a maioria desses não fazem a mínima falta na minha vida. Exceto uns dois ou três, que ainda tenho contato e gosto, mas que, ainda assim, não tenho aquela amizade de antes. Já do Ensino Médio, talvez. Nessa fase da minha vida tive contato com diversos tipos de pessoas. Pessoas parecidas. Pessoas diferentes. Ótima maneira de crescer. Consegui vários colegas que julguei serem amigos. Hoje, pouco tempo depois de ter formado, tenho menos notícias deles do que dos "amigos" do Ensino Fundamental. Só os vejo por acaso. Hoje, desse grupo que um dia considerei grande, salvaram-se uns dez. Alguns deles até que se tornaram amigos de verdade só depois do vestibular. Percebo que amigos não se formam na escola, ou na faculdade, ou até no local de trabalho. Esses locais podem até ser um meio de conhecer pessoas novas. Mas o que faz com que a amizade se consolide de vez é o convívio na vida. Pode até parecer redundante essa expressão. Mas é a mais pura verdade. O convívio no colégio não nos faz conhecer a pessoa como ela realmente é. Isso só acontece quando você sai, vai na casa do outro, conversa bastante. E não aquela conversa de intervalo de aula. Mesmo não sendo uma convivência diária, quando há o encontro, parece que vocês ficaram somente alguns dias longe um do outro, o assunto não morre. Por isso que digo que amizade só se consegue com o tempo. Pois só com ele é possível obter todos esses requisitos. Mas não.
Quando uma amizade iniciada numa sala de faculdade, atravessa os muros do prédio e passa a ser uma verdadeira relação de carinho e afeto em apenas algumas semanas, ou dias. Isso acontece quando há mais do que um convívio diário. Há um convívio "horário". Quase vinte e quatro horas por dia juntos. Seja fisicamente, seja em pensamento. Quase uma relação de marido e mulher. Só que sem aquela relação carnal. Só aquela relação de sentimentos, algo que nem os casados possuem. Uma relação de irmãos. Com brigas e desavenças, inclusive. Mas, afinal, que amizade verdadeira não é construída por altos e baixos? E são nessas brigas que a gente vê quem é amigo de verdade. Quem tem coragem de assumir o próprio erro ao ponto de valorizar tanto uma amizade? Digo isso porque já perdi algumas amizades através de brigas. Ninguém quis ceder e assumir seu erro que a relação acabou pra sempre.
Para muitos, a distância é um fator separador. Para mim, não. É aglutinadora. Algo que serve para que haja uma maior união. uma maior vontade de ficar perto. Uma amizade que resiste à distância é uma amizade verdadeira. Que não demonstra interesses. Por isso mesmo é algo difícil de se conseguir. Difícil superar a real intenção da maioria das relações humanas e passar por cima disso tudo. Mas, mesmo assim, o encontro é fundamental para matar as saudades e relembrar aquele tempo que foi bom, mas não volta nunca mais.
Como alguém pode se tornar tão importante na sua vida em tão pouco tempo? É simples: arrumar uma situação difícil, aliada à falta de carinho mais um lugar com pessoas diferentes de você e de seu futuro amigo. Só isso. Só isso? Por trás disso há muito mais coisa. Há toda uma vida. Se amizade fosse tão fácil assim, todo mundo teria pelo menos uns cem melhores amigos. E a gente sabe que não é bem assim... A gente sabe que demanda um tempo para conseguir a confiança de alguém. E confiar também. Demanda gostos iguais, que só vem através do tempo. Então, isso não responde minha pergunta.
Sinceramente não sei como respondê-la. Passei tantos anos da minha vida imaginando que minhas amizades verdadeiras seriam construídas ao longo do tempo. Pensei que meus amigos de vida adulta seriam aqueles de lá de antes. Do Ensino Fundamental, talvez. Mas não. Desses eu mal tenho notícias. E confesso que, outrora importantes, hoje a maioria desses não fazem a mínima falta na minha vida. Exceto uns dois ou três, que ainda tenho contato e gosto, mas que, ainda assim, não tenho aquela amizade de antes. Já do Ensino Médio, talvez. Nessa fase da minha vida tive contato com diversos tipos de pessoas. Pessoas parecidas. Pessoas diferentes. Ótima maneira de crescer. Consegui vários colegas que julguei serem amigos. Hoje, pouco tempo depois de ter formado, tenho menos notícias deles do que dos "amigos" do Ensino Fundamental. Só os vejo por acaso. Hoje, desse grupo que um dia considerei grande, salvaram-se uns dez. Alguns deles até que se tornaram amigos de verdade só depois do vestibular. Percebo que amigos não se formam na escola, ou na faculdade, ou até no local de trabalho. Esses locais podem até ser um meio de conhecer pessoas novas. Mas o que faz com que a amizade se consolide de vez é o convívio na vida. Pode até parecer redundante essa expressão. Mas é a mais pura verdade. O convívio no colégio não nos faz conhecer a pessoa como ela realmente é. Isso só acontece quando você sai, vai na casa do outro, conversa bastante. E não aquela conversa de intervalo de aula. Mesmo não sendo uma convivência diária, quando há o encontro, parece que vocês ficaram somente alguns dias longe um do outro, o assunto não morre. Por isso que digo que amizade só se consegue com o tempo. Pois só com ele é possível obter todos esses requisitos. Mas não.
Quando uma amizade iniciada numa sala de faculdade, atravessa os muros do prédio e passa a ser uma verdadeira relação de carinho e afeto em apenas algumas semanas, ou dias. Isso acontece quando há mais do que um convívio diário. Há um convívio "horário". Quase vinte e quatro horas por dia juntos. Seja fisicamente, seja em pensamento. Quase uma relação de marido e mulher. Só que sem aquela relação carnal. Só aquela relação de sentimentos, algo que nem os casados possuem. Uma relação de irmãos. Com brigas e desavenças, inclusive. Mas, afinal, que amizade verdadeira não é construída por altos e baixos? E são nessas brigas que a gente vê quem é amigo de verdade. Quem tem coragem de assumir o próprio erro ao ponto de valorizar tanto uma amizade? Digo isso porque já perdi algumas amizades através de brigas. Ninguém quis ceder e assumir seu erro que a relação acabou pra sempre.
Para muitos, a distância é um fator separador. Para mim, não. É aglutinadora. Algo que serve para que haja uma maior união. uma maior vontade de ficar perto. Uma amizade que resiste à distância é uma amizade verdadeira. Que não demonstra interesses. Por isso mesmo é algo difícil de se conseguir. Difícil superar a real intenção da maioria das relações humanas e passar por cima disso tudo. Mas, mesmo assim, o encontro é fundamental para matar as saudades e relembrar aquele tempo que foi bom, mas não volta nunca mais.
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