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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Breve conto de uma relação


Aquela situação era totalmente esquisita para ela. Num piscar de olhos, sua vida quase que mudara da água para o vinho. Há dois meses ela experimentava um momento diferente de tudo o que já havia vivido. Naquela época, pensa, como se fosse hoje mesmo, pela primeira vez começou a apresentar pequenos sintomas daquilo que um dia, e não muitos, depois, se tornaria uma grande paixão. E como foi! Nunca pensou que gostaria tanto de alguém como gostava daquela pessoa. Gostava de passar momentos juntos, shopping, restaurantes, cinema... Até uma simples conversa de como foi o dia bastava para colocar um sorriso na cara dela. Estava totalmente apaixonada, quase cega de amor. Cega que não conseguia ver um defeito sequer naquela relação, que para ela era mais do que um conto de fadas.
Se afastou dos seus amigos e começou a viver praticamente em função daquele quase namoro. Quase namoro porque oficialmente eles não tinham firmado nada, ainda. Ainda. Mas quem se importa, pensava ela, isso é só uma determinação da sociedade e não ligava pra isso. Pelo menos naquela época. Deixou de se empenhar nos estudos e teve que repetir duas matérias. Mas não se importava, o dia era 24 horas dedicadas àquele romance. Fazia de tudo para que aquilo desse certo. Fazia tanto que não via que seu companheiro nunca fazia nada. Sempre cancelava, falava que não podia sair, que tinha futebol... Lógico que ela ficava triste com tantas desmarcações, mas sempre realizava que cada um tinha que ter sua própria vida, mesmo ela matando a sua para que pudesse viver em função dele. Só faltava ela passar suas roupas e fazer seu trabalho! E ela ainda não percebia que o garoto não estava mais nem aí pra ela.
Até que, num belo dia, ela recebe um recado dele, que dizia que foi bom enquanto durou, mas que não daria mais. E o pior: ele já estava ficando sério com outra. Naquele momento, o chão sob seus pés se abriu e ela simplesmente começou a cair em queda livre. Não sabia mais o que fazer. Aqueles dois meses de inteira dedicação para chegar nisso! Todo aquele tempo jogado fora. E tudo por mensagem: isso era o fim pra ela! Nem para ele ser homem e vir falar que não queria mais! Não que isso fosse amenizar a dor em seu coração, mas que falta de consideração! E então começou incessantemente a se perguntar o que ela havia feito de errado em tudo aquilo. Isso uns três dias depois dela ter recebido a notícia, já que ela não conseguia nem sair da cama pra tomar um copo de água ou comer qualquer coisa. Finalmente se levantou. Olhou-se no espelho e viu: ela estava num estado deplorável! Havia deixado de se cuidar por ele, deixou de se preocupar consigo mesma para se preocupar logo com quem! Seu cabelo estava mais seco do que palha no sertão, seu rosto cheio de espinhas. Tinha engordado uns cinco quilos desde que começara aquele relacionamento. Estava triste, cansada, abatida. Nunca tinha ficado desse jeito. Ainda gostava dele, mas viu que não adiantava nada ficar se lamentando por aquilo que não fez ou que fez errado. Levantou-se da cama, foi malhar e começar uma nova vida. Diferente, esperava.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Quebra cabeças


Caminho. Vejo. Paro e penso. Tudo. Vejo ao meu redor. Tudo mudou. Não sei ao certo se pra melhor ou pra pior. Ou melhor, meus olhos não conseguem identificar o que está diferente. Ando mais um pouco. Essa rua não era definitivamente a mesma. Ou era? Não consigo a chegar a uma conclusão. Ou eu estou muito confuso ou não sei o que é. Será que é essa pedra que não estava aqui antes? Ou talvez tenham pintado o muro dessa casa? Mas eu tenho certeza de que ela já estava assim há um tempinho atrás, inclusive com essas pichações. E então, o que será que está diferente? Penso. Penso. E penso. Finalmente chego a uma conclusão. Nada mudou fisicamente. Não seria tão importante se a mudança não fosse comigo. Essa foi a maior mudança que tive nesses últimos dias. Nada na rua, na padaria, no supermercado... Mas em mim! Começo a enxergar as coisas com outra visão, sob um outro ponto de vista. E, assim, começo a chegar a resultados que eu nunca esperaria chegar. Mais amadurecido e com mais consciência de mundo, percebo que tudo que aconteceu em minha vida foi para o meu próprio bem. Retirar da dor a força para se reerguer e se reconstruir, levando tudo de importante para frente. Tudo na vida passa. E tento tirar disso o melhor resultado: ser feliz. E assim, segue a vida.