Se afastou dos seus amigos e começou a viver praticamente em função daquele quase namoro. Quase namoro porque oficialmente eles não tinham firmado nada, ainda. Ainda. Mas quem se importa, pensava ela, isso é só uma determinação da sociedade e não ligava pra isso. Pelo menos naquela época. Deixou de se empenhar nos estudos e teve que repetir duas matérias. Mas não se importava, o dia era 24 horas dedicadas àquele romance. Fazia de tudo para que aquilo desse certo. Fazia tanto que não via que seu companheiro nunca fazia nada. Sempre cancelava, falava que não podia sair, que tinha futebol... Lógico que ela ficava triste com tantas desmarcações, mas sempre realizava que cada um tinha que ter sua própria vida, mesmo ela matando a sua para que pudesse viver em função dele. Só faltava ela passar suas roupas e fazer seu trabalho! E ela ainda não percebia que o garoto não estava mais nem aí pra ela.
Até que, num belo dia, ela recebe um recado dele, que dizia que foi bom enquanto durou, mas que não daria mais. E o pior: ele já estava ficando sério com outra. Naquele momento, o chão sob seus pés se abriu e ela simplesmente começou a cair em queda livre. Não sabia mais o que fazer. Aqueles dois meses de inteira dedicação para chegar nisso! Todo aquele tempo jogado fora. E tudo por mensagem: isso era o fim pra ela! Nem para ele ser homem e vir falar que não queria mais! Não que isso fosse amenizar a dor em seu coração, mas que falta de consideração! E então começou incessantemente a se perguntar o que ela havia feito de errado em tudo aquilo. Isso uns três dias depois dela ter recebido a notícia, já que ela não conseguia nem sair da cama pra tomar um copo de água ou comer qualquer coisa. Finalmente se levantou. Olhou-se no espelho e viu: ela estava num estado deplorável! Havia deixado de se cuidar por ele, deixou de se preocupar consigo mesma para se preocupar logo com quem! Seu cabelo estava mais seco do que palha no sertão, seu rosto cheio de espinhas. Tinha engordado uns cinco quilos desde que começara aquele relacionamento. Estava triste, cansada, abatida. Nunca tinha ficado desse jeito. Ainda gostava dele, mas viu que não adiantava nada ficar se lamentando por aquilo que não fez ou que fez errado. Levantou-se da cama, foi malhar e começar uma nova vida. Diferente, esperava.