domingo, 11 de março de 2012
Esperança?
segunda-feira, 5 de março de 2012
Ciclo
As pessoas são diferentes, os lugares são diferentes, os momentos diferentes. E o principal: nós mudamos e amadurecemos a cada dia que passa. Em partes. Até porque se realmente crescêssemos, não repetiríamos o que deu errado. Aliás, não repetiríamos nada. Construiríamos cada relação como se fosse única e incomparável. Tínhamos que esquecer tudo o que passamos em relações anteriores e começar uma nova (seja entre amantes, amigos, colegas de trabalho...) do zero. Assim, obteríamos diversas relações distintas. Relações que nos complementariam e nos ajudariam a crescer mais.
Mas, infelizmente, a vida não é assim. Sempre adotamos uma atitude e a tomamos como verdadeira e única. E, sobretudo, como a mais correta. E é por esse fato que relutamos tanto em tomar outra postura. Pelo fato de sempre negar e nunca assumir que erramos, de que realmente falhamos. E para provar tal dizer, sempre batemos na mesma tecla, E mais erro! Daí vem mais ilusão e mais vontade de transformar esse erro em acerto. E vivemos assim num ciclo vicioso. Mas a vida, além de não ser uma receita, não pode ser também um ciclo vicioso. A vida é a vida e não existem segredos para vivê-la.
O importante é não parar e pensar e, assim, analisá-la. Deve ser simplesmente vivida e não pensada. Ao contrário, estaremos deixando de realmente aproveitá-la.
domingo, 29 de janeiro de 2012
A metáfora da liberdade
Sempre quis fazer um piercing. Dizia que
significaria minha libertação dos pais e de tudo que me cerca. Meus pais sempre
foram contra essa atitude, nunca me permitiriam fazer um enquanto menor de
idade. Mas, com a chegada dos tão cobiçados dezoito anos, decidi que iria
fazer. Eles não poderiam negar, afinal, segundo a lei, eu respondia pelos meus
próprios atos.
Antes disso,
resolvi furar uma das orelhas, a esquerda, pra ser mais exato. Tudo isso pra
saber se saberia lidar com as implicações do futuro furo do piercing. Foi
uma experiência difícil, minha orelha inflamou toda e o ferimento ocasionado
pelo brinco demorou um bom tempo para cicatrizar, aproximadamente uns cinco
meses. Tempo grande para um simples furo na orelha. Nessa fase, tive a ajuda da
minha mãe, que, como mulher, sabia exatamente tratar aquilo.
Mesmo com essa
dificuldade do furo na orelha, resolvi arriscar. Como já disse, o piercing
representaria minha liberdade. Meu primeiro ato para aproveitar o início da
minha maioridade, afinal, nessa época ainda não bebia. Queria mostrar pra todo
mundo que eu era livre para escolher o que eu queria pra mim. E, naquele
momento, eu queria porque queria um piercing. Um transversal na orelha direita,
para se contrapor àquele brinco preto que ficou no lugar da inflamação da
orelha esquerda. E fui fazer. Somente comuniquei aos meus pais, que logo me
alertaram sobre as implicações daquele ato. Mas, estava irredutível. Disse que
tinha pensado muito naquilo, e, de fato, tinha mesmo, e que eu estava muito
seguro da minha decisão. Iria fazer e ponto final. Fui ao banco, peguei o meu
dinheiro, que, no final das contas, nem era meu mesmo, e fui pro estúdio. Entrei,
perguntei como era e quanto era. A atendente disse que não doía e que podia ser
feito logo naquele momento mesmo. O preço me saltou os olhos: setenta reais.
Pra mim, naquele tempo, era uma fortuna! Representava boa parte do que eu
ganhava por mês. Fazer aquilo iria me falir por um bom tempo. Mas a vontade era
tanta, que resolvi arriscar. Topei.
Entrei na sala, cheia de espelhos, me
sentei na cadeira verde, toda acolchoada. Aí o medo começou a subir em mim. Sempre
tive medo de sangue, de agulhas e de furos. Será mesmo que era isso que eu
queria? Mas já era tarde, já tinha pagado e não tinha como voltar atrás.
Resolvi encarar. Doeu, confesso. E, por sorte, ou pela própria fisiologia da
cartilagem, não saiu nenhuma gota de sangue. E pronto. Já estava com um belo
transversal de aço cirúrgico na orelha. Em uma de suas extremidades, havia uma
bolinha, na outra, uma espécie de lança, chamado “spike”. Doía, sim, mas eu
acho que eu estava tão eufórico que não ligava pra isso.
Dessa vez, não fui negligente, como quando
furei a orelha, e cuidei direito da minha nova aquisição. Passava água quente e
pomada todos os dias. Mesmo assim, não foi uma cicatrização completamente tranquila.
Mas consegui passar por cima dessas dificuldades. Porém, uma mensagem ficou
gravada: não há liberdade sem responsabilidade.
A partir dessa data, vivenciei muitas
coisas na minha vida. Morei sozinho pela primeira vez, aprendi a fazer coisas
que nunca sonhei em fazer, conheci pessoas diferentes. E, finalmente,
experimentei a real liberdade.
Mas, como nem tudo são flores, houve
dificuldades, também. E eu, talvez pela pouca idade, tive uma experiência boa,
mas eu não estava pronto para seguir a diante. Tive a certeza que, naquele
momento, pelo menos pra mim, liberdade não era tudo na vida. Há várias coisas
por trás da liberdade e que a gente só aprende mesmo com o passar do tempo. Uma
pessoa só consegue usufruir de sua liberdade quando tem uma base. Uma base que
é um misto de moral, desejo individual e conhecimento da vida. E eu
definitivamente só tinha os dois primeiros vértices desse triângulo: sempre soube
o que queria da vida e sabia que “minha liberdade terminava quando a do outro
começava”. Mas de vida real, de responsabilidade, eu não sabia nada.
Com medo, recuei, precisava disso pra mim.
E o piercing-liberdade continuava lá. Apesar de tudo, ainda tinha um carinho
grande por ele, e ainda um pezinho na liberdade sem medidas. A lança, o “spike”,
da ponta inferior representava bem esse lado da liberdade. Esse lado que
machuca. Já havia me machucado diversas vezes com essa parte do acessório,
inclusive. Com o tempo, fui vendo que a liberdade não era só sair fazendo o que
bem quiser. E, percebi que aquele acessório que, um dia representou uma nova
fase da minha vida, não fazia mais sentido. Que ele foi importante, que através
dele, aprendi uma lição que levarei para o resto da vida. Mas que o significado
dele no meu corpo já não era aquele de anos atrás, quando fui ao estúdio.
Como a liberdade irresponsável, foi
difícil retirar o piercing da orelha. O alto custo na época e o amor que eu
peguei por aquele pequeno objeto foram decisivos para continuar com ele por
algum tempo. Ainda não estava pronto. Até que um dia tive a simples vontade de
tirá-lo. Veio naturalmente, assim como a real liberdade, quando você aprende realmente
lidar com as implicações dela. Hoje guardo aquele tempo, juntamente com o
piercing, com nostalgia, mas que era preciso ser superado. Porém, continuo com o brinco na orelha direita, afinal, um pouco de liberdade não faz mal a ninguém.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Recomeçar
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Paredes
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Gritos no silêncio
Pensei por horas, levantei, abri a janela e gritei bem alto.
Sempre guardo tudo que acontece comigo. Não consigo me abrir, me livrar dos
meus problemas. Não que isso faça bem pra mim. O grito só serve para aliviar a
minha dor. Nunca sofri tanto por uma pessoa quanto agora. Será que tudo que fiz
foi em vão? Largar minha vida encaminhada, meu emprego, tudo! Só pra você! E parece
que isso não valeu de nada. Agora passo meus dias nesse quarto, já não tenho
mais televisão, muito menos internet, sem contato com o mundo... E, o pior, sem
sua presença! Sofri tanto durante esses anos, sempre calada. Mas acho que me
acostumei com essa situação. Tudo o que eu não queria era te magoar. Aceitava
tudo o que me falava, me contava, me iludia. E tudo isso por amor! Fiz isso
tudo porque te amei muito! Ainda amo... E de que valeu? Encontrar você com
outra na nossa própria cama? Guardei tudo pra mim durante esses anos todos. E
só ilusão! Tudo o que eu vivi durante minha vida toda mal passou de um conto.
Um conto de fadas que sempre idealizei na minha cabeça e que tentei ao máximo
transformá-lo em realidade. Mas tudo não passou de uma história de terror...
Agora estou aqui, sem vontade de fazer qualquer coisa. Sem
família, sem amigos... Renunciei a minha vida pra ficar com você! Larguei,
briguei com todos... Só por sua causa! Só porque você não ia com a cara deles.
Mas, afinal, com a cara de quem você vai, não é mesmo? Acho que nem a sua! Acho
que você faz isso tudo só para ter uma alegria. Nunca conseguiu nada sozinho.
Sempre eu estava ao seu lado, expondo suas qualidades. Qualidades que eu
pensava que você tinha. E é isso que eu
recebo. Hoje vejo que todas elas eram fruto da minha mente apaixonada. Será que
um dia você realmente me amou?
Estou sem chão, nada me move a continuar vivendo. Minha
única alegria é comer. Estou muito mais gorda que antes. Satisfeito? Agora não
vai ser difícil me trocar por uma mais magra! Olha só, eu, que sempre tive um
corpo perfeito, abrindo mão dele só por você. Logo você, que me deixou nesse
estado. Eu mereço? Era eu quem devia ter feito o que você fez comigo! Nunca
entendi porque me casei com você. Ah, é o amor, esse sentimento idiota! Veja
só, você não tinha nada a acrescentar na minha vida! Só passar por humilhações,
raivas!
Tento pensar menos em você. Mas não consigo. Qualquer
cantinho desse apartamento me faz lembrar você. Seja no fogão, que antes era
meu melhor amigo, quando me matava de cozinhar pra você, hoje, é meu inimigo,
me obrigando a comer mais e mais. Por sua causa. Seja a cama. Ah, lá eu tenho
certeza que você viveu momentos felizes. Ao contrário de mim... Nunca consegui
sentir nada. Mas nunca falei, tinha medo de te magoar, de te deixar triste. Mas
hoje vejo que não. Que se eu não senti nada, foi sua culpa! Só sua! Você
deveria ter se preocupado comigo. E nada! Nem um ‘como vai?’ eu recebia! Nunca! Por isso que me tornei o que sou agora.
Pareço mais um monstro do que uma mulher. Sua desvalorização fez com que eu
parasse de cuidar de mim, de ir ao salão, de ir ao médico, de fazer algum
exercício físico. De fazer o que eu realmente sempre gostei. Aliás, você sabe
das coisas que eu realmente gosto? Mas, mesmo assim, você não me notava nem
feia. Foi por isso que me trocou. Se nunca gostou de mim, por que me enrolou
por tanto tempo? Por que me traiu? Você queria que eu me humilhasse. Você
queria ter pena de mim! E rir da minha cara. Conseguiu.
E é por isso que eu grito. Grito por não conseguir falar
isso tudo pra você. Grito por continuar nessa situação. Por, mesmo depois de
tudo, continuar com você. Continuar te amando. Continuar aceitando tudo que
passou e tudo que vou passar. Grito por ainda não ter coragem de mostrar meus
sentimentos. Grito, grito, e só grito. Grito na esperança de que um dia você
perceba o mal que está fazendo comigo.
sábado, 19 de novembro de 2011
Sentimento, pra que?
Agora é o momento certeiro. Chegou ao ponto. Aquele ponto decisivo. Aquele chave. Será que vale a pena investir, mesmo sabendo que a minha cara vai ser quebrada logo em seguida, como sempre? Por que será que eu sempre me imagino numa relação, desde a primeira vez? Qual a minha dificuldade em deixar as coisas caminhar por elas mesmas? Sou muito afobado, quero tudo pra hora, sou pós-moderno, enfim. Mas como fazer se eu sou assim, se não sei deixar o tempo pensar e, enquanto isso, deixar a minha vida passar? Quantas dúvidas. Tudo o que eu queria é não ter sentimentos. Eles sempre acabam nos traindo. Queria ter nascido bem no começo da modernidade, onde todos colocavam a razão sobre o sentir. Queria não me relacionar com as pessoas, assim, não me decepcionaria com elas. Ou não me decepcionaria comigo. Ou não deixaria que meus sentimentos me fizessem acreditar em certas coisas que de fato não existem. Coisas que, imaginando, idealizando, pegando outro sentido, cheguei á conclusão. Sem ao menos duvidar, questionar. Quanta falta de atitude! Será que um dia vou aprender?
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